
O que é Burnout e por que ele está aumentando em 2025?
O burnout tem se tornado uma realidade preocupante para trabalhadores de diversas áreas. Em uma pesquisa recente, 77% dos entrevistados afirmaram que já sentiram os efeitos do esgotamento no trabalho.
Esse fenômeno tem levado muitas pessoas a desistirem de seus empregos, adotarem o chamado “quiet quitting” ou simplesmente desejarem abandonar tudo em busca de algo mais significativo. Mas o que exatamente é o burnout?
Por que ele está tão presente no ambiente de trabalho moderno? E, mais importante, como combatê-lo?
A Origem do Termo Burnout
O termo “burnout” começou a aparecer em livros na década de 1950, mas só ganhou popularidade nos anos 1980, quando o psicólogo Herbert Freudenberger publicou Burnout: The High Cost of High Achievement.
Ele descreveu o burnout como uma resposta ao estresse, frustração e às exigências de perfeccionismo e alta produtividade. Freudenberger chegou a essa conclusão ao analisar a si mesmo, percebendo que o esgotamento o impedia de sentir alegria ou até mesmo sair da cama.
Na década de 1990, estudos mais aprofundados passaram a categorizar o burnout como uma síndrome ocupacional, principalmente em profissões de alta demanda emocional, como saúde, educação e tecnologia.
Com a evolução do mercado de trabalho e o aumento das cobranças por produtividade, o burnout passou a ser visto como uma epidemia silenciosa.
Os Três Principais Sinais de Burnout
A psicóloga da Universidade de Yale, Lori Santos, define o burnout em três componentes principais:
- Esgotamento emocional – Sensibilidade aumentada ao estresse, dificuldade em relaxar e a sensação de estar sempre “no limite”. Pessoas nessa fase podem apresentar irritabilidade, insônia e ansiedade constantes.
- Despersonalização – Uma visão cínica da vida, dificuldade em criar conexões autênticas e perda de empatia. Muitas vezes, o profissional se sente distante do trabalho e das pessoas ao seu redor.
- Sensação de ineficácia – A crença de que nada do que é feito tem valor ou impacto real. Isso pode levar à perda de motivação e ao abandono de metas e objetivos pessoais e profissionais.
Esses sinais se manifestam especialmente em pessoas que sentem que seus trabalhos não possuem um propósito claro.
O Papel dos Trabalhos Sem Significado no Burnout
O antropólogo David Graeber cunhou o termo “bullshit jobs” (“trabalhos sem sentido”), que são aqueles em que até mesmo o próprio trabalhador sente que sua função é irrelevante. Em uma pesquisa, 37% dos entrevistados disseram que seus empregos não contribuem significativamente para a sociedade. Trabalhar por horas a fio sem ver resultados concretos pode levar à sensação de futilidade e ao aumento do burnout.
Curiosamente, muitas das pessoas que se sentem presas a trabalhos sem sentido não ocupam funções administrativas, mas sim operacionais. Funcionários do setor de transporte, logística e suporte ao cliente relataram um alto grau de frustração, devido à repetição incessante de tarefas e à falta de perspectivas de crescimento.
A Sociedade do Esgotamento (Sociedade do Cansaço)
O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, no livro Sociedade do Cansaço, argumenta que vivemos em uma “sociedade da conquista”, onde somos pressionados a sermos sempre produtivos e otimistas. Esse excesso de positividade e cobrança por desempenho constante leva ao esgotamento. Diferentemente do que dizem muitas estratégias empresariais, o burnout não pode ser resolvido apenas com uma mudança de mentalidade. O problema é estrutural e requer uma mudança na forma como encaramos o trabalho e o tempo livre.
No mundo atual, até mesmo o lazer é instrumentalizado. As pessoas sentem que precisam “aproveitar o tempo livre para serem mais produtivas”, o que apenas reforça o ciclo de esgotamento. Han argumenta que precisamos resgatar a capacidade de sermos “improdutivos” e permitir que o ócio e a criatividade tenham espaço em nossas vidas.
O Impacto do Trabalho Remoto e Híbrido no Burnout
Nos últimos anos, o trabalho remoto e híbrido se tornou comum, mas essa mudança também trouxe desafios. Muitas empresas passaram a exigir disponibilidade constante, o que dificultou a separação entre vida profissional e pessoal
A cultura do “sempre online” e a dificuldade de desconectar do trabalho aumentaram os casos de burnout. Além do mais, a falta de interações presenciais pode intensificar a sensação de isolamento e diminuir o senso de pertencimento, agravando o esgotamento emocional.
O Papel das Empresas na Prevenção do Burnout
Embora o burnout seja muitas vezes tratado como uma responsabilidade individual, as empresas desempenham um papel fundamental na prevenção do problema. Oferecer jornadas de trabalho equilibradas, incentivar pausas e promover um ambiente psicológico seguro são ações essenciais.
E também, companhias que valorizam a saúde mental dos funcionários, com políticas claras de bem-estar, tendem a ter equipes mais engajadas e produtivas. Algumas organizações já implementam programas de apoio psicológico e flexibilização da carga horária para minimizar os impactos do esgotamento.
Como Prevenir e Lidar com o Burnout
Para combater o burnout, é essencial repensar nossa relação com o trabalho e o descanso. Algumas estratégias incluem:
- Estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal. Criar rotinas saudáveis e respeitar horários de descanso.
- Valorizar o ócio e o lazer sem sentir culpa por não ser produtivo o tempo todo.
- Redefinir o sucesso, focando na qualidade de vida e no impacto real do trabalho.
- Buscar um trabalho com significado, onde as contribuições sejam percebidas e valorizadas.
- Praticar mindfulness e outras técnicas de redução de estresse, como meditação e exercícios físicos.
- Ter pausas regulares para recarregar a energia ao longo do dia.
Burnout não é apenas uma questão individual, mas também um reflexo das condições de trabalho modernas.
Mudar essa realidade exige tanto iniciativas pessoais quanto um esforço coletivo para transformar a forma como trabalhamos e vivemos.
Se você sente que está enfrentando burnout, busque apoio profissional e converse com sua rede de contatos.
A saúde mental deve ser uma prioridade, e encontrar formas mais saudáveis de trabalhar é um investimento no seu bem-estar a longo prazo.